Underground não morreu: estética, ideais e sobrevivência coletiva
- João Jardel

- 13 de jun.
- 3 min de leitura
Não pode ser meramente estético! Louco pensar sobre isso, mas não pode e nunca foi meramente estético.
Pessimista como sou, sempre pensei que os ciclos artísticos, principalmente estes que envolvem a música estão fadados a um fracasso retumbante. Calma! Te explico.

Entre bambaias e resistência: a cena sempre se renova
Como alguém que acha que foi algum tipo de agitador cultural, organizador de evento, musicista e acumulador de prejuízos astronômicos, sempre me deparei com o dilema mais sinistro de estar envolvido com arte: ou você joga com as cartas que te dão ou você se fode, porque em algum momento, se você estiver jogando truco e a maré de sorte te acompanhar por vários jogos, eventualmente, todo mundo vai querer jogar com você e neste momento, pode ser que a sorte vire né?! Imagina uma mão só com bambaias horríveis como um par de 5s.
Analogia tosca que ilustra como é a cena, quando alguém do underground sobressai, seja por técnica, seja por inovação ou seja apenas por questões estéticas.
Nunca foi só estética: a sobrevivência da cena underground
Depois de anos, eu pensava que o underground já estava enterrado. Cheirava longe a defunto em degradação e dali nada de interessante sairia mais, porque se me faltava entusiasmo, falta também para os jovens que virão e não poderão desfrutar dos espaços que eu desfrutei como era o Kabana Bar ou o Matriz.

A verdade é que a relação entre artistas e consumidores é muito passional e nem sempre passa por uma necessidade mercadológica ou APENAS ESTÉTICA, não digo que não existam as pessoas que seguem tendências, mas eu tenho percebido que o ciclo se renova, as pessoas se renovam e o tal do underground continuará vivo, apesar das plataformas de streaming, apesar de pandemias ou apesar das mudanças de acesso que temos hoje à arte e suas infinitas manifestações.
O underground Não Morreu: um reencontro com a cena
Foi foda no ano passado depois de alguns caos pessoais chegar em lugares como o Instituto Helena Greco, ver Clava e Morto, duas bandas que eu nunca tinha assistido na minha vida, encherem um espaço underground e independente, sendo que ambas de backgrounds artísticos tão diversificados. Melhor que isso foi ver uma quantidade diversa de pessoas jovens ocupando um espaço que além de underground, também representa resistência e se divertindo, como eu me diverti quando vi o show da banda de Itabira Venial pela primeira vez no Clube Atlético Itabirano e eu devia ter 15 ou 16 anos.

Documentário Hardcore 90: a história de uma cena viva
João HxCx me recomentou um documentário que acho que todo entusiasta de música deveria assistir que é o Hardcore 90, que conta o surgimento da cena hardcore, que muito diversificada, no brasil.
Assisti esse documentário e nem vou fazer uma análise dele, mas deixo o link aqui, porque de tudo extremamente foda que eu absorvi deste filme, o mais importante é: a cena underground não morre, apesar dos pesares, ela se renova, apesar das investidas do capitalismo, por isso nunca é só estético, o apelo está no discurso, no ideal, na vontade de ser parte de algo, na possibilidade de pertencimento e principalmente na sobrevivência diante das loucuras que nos deparamos.
Velho, na moral: acredita na cena, porque é nela que a gente se ampara e ela que nos sustenta e ela sempre vai se renovar, apesar dos pesares e é isso: NUNCA É SÓ ESTÉTICO.
Falei.
Morto Redmetal: https://www.instagram.com/morto_redmetal/
Instituto Helena Greco: https://www.instagram.com/institutohelenagreco/








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